QUALIDADE DO TRANSPORTE
PÚBLICO E OS PROTESTOS
A disseminação da onda de protestos e manifestações que marcou o ano de 2013 no Brasil é representativa do descontentamento da sociedade - ou de parte dela - para com o transporte público, diz Rodolfo F. Alves Pena em Geografia humana do Brasil. Mais do que simplesmente insatisfeita com o aumento do preço das passagens, a população também se queixa da qualidade dos serviços prestados em todo o país. O transporte público no Brasil estrutura-se, principalmente, pela utilização de ônibus, além de metrôs e trens, em algumas cidades ou regiões. De acordo com a Constituição Federal, o serviço deve ser administrado e mantido pelos municípios, mas os investimentos devem ser realizados também pelos estados e pelo Governo Federal.
MOBILIDADE URBANA
Alves Pena destaca que é importante ressaltar que, quando se refere ao transporte público, não estamos falando somente dos meios de transporte utilizado, mas de questões referentes á mobilidade urbana e á infra-estrutura existente para esse transporte, como estações, terminais, etc. Além do mais, é preciso que se compreenda que transporte público não está isolado da lógica urbana, sobretudo das grandes metrópoles, que concentram a maior parte da população do país. Cidades maiores e com uma maior quantidade de zonas segregadas, necessitam de um transporte público mais amplo e massificado para evitar a ocorrência de ônibus lotados e insuficientes para atender á população. De um modo geral, o transporte público no Brasil é considerado ruim e ineficiente, com passagens caras e ônibus frequentemente lotados, veículos em condições ruins, além do grande tempo de espera nos pontos de ônibus e metrô.
LÓGICA URBANA
A necessidade de deslocamento não foi acompanhada de uma política de investimento unificada em nível nacional que permitisse a sua estruturação. O que sempre se viu na história das cidades brasileiras foi uma grande massa de trabalhadores deslocando-se através de ônibus lotados em grandes distâncias. Com o anúncio de aumento das passagens no país em 2013, à insatisfação da população alavancou-se, culminando nos protestos daquilo que vem sendo chamado como “revolta do vinagre”, termo dado em função da proibição por parte da política do uso de vinagre em manifestações para conter os efeitos do gás lacrimogêneo utilizado pelo aparelho policial. Por isso, é preciso compreender que os problemas de transporte referem-se à lógica urbana e devem ser entendidos a partir desse contexto. Para tanto, mais do que melhorar o serviço prestado e diminuir o preço das passagens é preciso democratizar os preços das cidades ampliando a mobilidade e descentralizando os investimentos em infra-estrutura, que atualmente se encontram presentes em sua maioria nos espaços nobres e centrais das grandes metrópoles, conclui Alves Pena.
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